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quinta-feira, 20 de abril de 2017

E acabou....


E chega ao fim este lindo, maravilhoso e emocionante relato.

Registro aqui algumas coisas que aprendemos e conhecemos ao longo de nossos 45 dias de mochilão e recomendo que você, que está louco para viver uma aventura assim, não perca tempo. O que te impede? Pouca grana? Filhos? Compromissos? Incertezas? Nós temos todos esses itens e eles fizeram parte de nosso dia a dia durante nossa expedição.
Vivemos uma experiência incomparável!




Conhecemos um tipo diferente de sanduíche:
Montevidéu, Uruguai
"Miga, sua loca! Vou te comer!"

Aprendemos que nossos vizinhos fazem misturas bastante exóticas com comida e café:

Montevidéu - Uruguai
Buenos Aires - Argentina

Aprendemos que podemos encontrar apoio em qualquer lugar:

Montevidéu, Uruguai

Aprendemos que não se deve confiar em qualquer um:
Casa Rosada-
Buenos Aires, Argentina

Aprendemos e ensinamos a subir em árvores:
Buenos Aires, Argentina

E a abraçá-las:

Colonia del Sacramento, Uruguai

Aprendemos como é bom deitar na grama numa praça qualquer:
Buenos Aires, Argentina

Aprendemos a fazer "xis" para tirar fotos:

Buenos Aires, Argentina

Aprendemos que, dando muito amor,...:


Buenos Aires, Argentina
...recebemos um montão de volta:

Salta, Argentina

Córdoba, Argentina

Aprendemos que não é em qualquer lugar que somos bem-vindos:

Córdoba, Argentina

Aprendemos que, seja onde for, o mais importante da vida é fazer amigos:

Copacabana, Bolívia
Buenos Aires, Argentina

Purmamarca, Argentina
Tilcara, Argentina

Aprendemos que o mais lindo de nós é o nosso legado:

Salta, Argentina

Copacabana - Bolívia


Uma cidadezinha à beira do lago Titicaca, com a mistura perfeita e contrastante entre a fortíssima tradição do povo local e a variedade cultural constante dos muitos mochileiros que por ali passam diariamente. Nunca vimos uma cidade com tanto movimento de mochileiros, o que se revelou uma grande surpresa já que o acesso não é nada fácil - embora bem mais fácil para quem vem do Peru, é verdade - e por ser, pelo menos para nós, um local de pouco renome. Provavelmente esse movimento se dá devido ao fato de que a cidade é a única forma de acesso à Isla Del Sol, que fica a 2 horas de balsa dali e que é, segundo consta, o berço da civilização inca. Ou seja, uma visita muitíssimo atraente para os aventureiros, que, conforme pudemos notar nos quatro dias em que estivemos por lá, vêm de todos os lados: América do Sul; peruanos, colombianos, bolivianos, argentinos etc.; Europa; franceses, alemães, portugueses...; e até America do Norte; não vimos americanos, mas conheci uma canadense. Enfim, embora pouco conhecida nas terras tupiniquins, onde Copacabana é uma só, fica no Rio e tem lindas praias (com joaninhas na areia), parece que a Copacabana boliviana é um sucesso no resto do mundo. E isso apesar da infra-estrutura precária: água altamente contaminada (campanhas de conscientização do governo recomendam que a água seja fervida por 8 a 10 minutos antes do consumo), banheiros daquele jeito que já sabemos, comida com alto risco de contaminação (praticamente todo mochileiro que já passou pela região tem alguma indigesta historinha envolvendo piriris estomacais ou intestinais para narrar), ônibus para viagens consideravelmente longas, de 4 ou 5 horas, toscos e sem banheiro (o que vai bastante mal com o item anterior), enfim... Ainda assim a cidadezinha é encantadora, os habitantes são gentis, a comida, embora mortal, é uma delícia, e o chá de coca está presente o tempo todo para tratar os eventuais revertérios dos desavisados.
Neste vídeo, podemos ver o que quero dizer com "fortíssima tradição":





Achei absolutamente lindo de se ver: a dança tradicional, as roupas típicas, o costume de jogar um pouco de cerveja pro santo antes do consumo (a cerveja local não é lá essas coisas, então não dá muita dó)... As mulheres da região, em sua maioria, se vestem nesses padrões no dia a dia: saia  bem rodada e duas longas tranças, o que fez Sofia ter convicção que se tratavam, todas, da princesa Anna do filme Frozen. O lindo é que elas retribuíam a admiração com muito carinho nas mãos e nos cabelos e muitos elogios de "Que hermosa!" pela figura incomum que Sofia representava para elas: uma criança branca e loira não é coisa corriqueira de se ver por ali, já que mochileiros não costumam se enveredar por tais aventuras com filhos.

Outra cena que reporta à tradição e que faz o link com o post anterior, onde comento que Fernando saiu para comprar alguns itens alimentícios: 




Agora um pouco das paisagens de Copacabana:


Lago Titicaca 
Monumento com imagens de indígenas

Tranquilidade e sossego à beira do lago

Senhoras da região em trajes típicos
E um deslumbrante pôr de sol à beira do lago:

O que dizer?
Uau!

Por motivos de piriris, não pudemos visitar a Isla Del Sol, o que talvez não teria sido realmente adequado para a Sofia, já que chegar lá e voltar de lá exige, como eu já citei, uma viagem de 2 horas de balsa. Não sabemos bem a qualidade dessa tal balsa, mas podemos imaginar, então... Fica para outra vez, quando procuraremos chegar à Copacabana pelo Peru, o que provavelmente será menos radical. Sem dúvida a cidade vale uma segunda visita.

Sair de Copacabana foi uma grande novela, teve viagem de 4 horas de ônibus sem banheiro com o Fernando com piriri, teve passagens compradas às pressas online de dentro do aeroporto de La Paz na madrugada porque as supostamente adquiridas anteriormente não haviam sido faturadas (falta de saldo no cartão; como eu já disse, nosso orçamento foi baixo, muito baixo mesmo...) e não havíamos percebido este detalhe, teve muito mais rebuliço estomacal na chegada ao Brasil, teve Sofia indo direto ao PS assim que chegamos em Santos sofrendo de extremos vômitos levada pelo pai e pela avó porque a mãe, nas mesmas condições, não tinha ânimo para acompanhar... Enfim, não vou dar muitos detalhes porque não vale a pena saber a fundo, mas darei duas importantes dicas: uma - não coma saladas; duas - se alguém perto de você sofrer de intoxicação alimentar, não compartilhe copos e utensílios com esta pessoa.

Para animar um pouco esse final, que ficou meio manchado com tantas indisposições estomacais e intestinais, farei uma último postagem de despedida.




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A Viagem


Este post tinha mesmo que ter nome de novela...

Saímos de Tilcara às 9:30h da manhã numa viagem de 4 horas rumo a La Quiaca. Até lá tudo bem, Sofia dormiu boa parte do trajeto e ficou também um tanto acordada, mas tranquila e sem enjoar. Estava passando Mowgli - El Libro de La Selva e eu aproveitei para aprender um pouco de espanhol.



Tudo bem nesta viagem de ônibus, Sofia ficou cochilando e apreciando a paisagem

Chegando em La Quiaca, pegamos um táxi numa viagem super curtinha, 5 minutos, até a fronteira com a cidade de Villazon na Bolívia. Passamos pela imigração (uma para a saída da Argentina e outra para a entrada na Bolívia) e enfim estávamos na Bolívia. Aqui, vale uma informação muito importante para vocês que pretendem viajar para a Bolívia: no terminal rodoviário de La Quiaca, Argentina, eu fui mão de vaca e me recusei a usar o banheiro porque eles cobravam 2 pesos (+ ou - R$ 0,40). Ao adentrar Villazon, já na Bolívia, não aguentava mais segurar e resolvi buscar o banheiro. Surpresa: tinha que pagar também, no caso 1 boliviano (+ ou - R$0,40, ou seja, o mesmo valor) só que o banheiro não tinha descarga, nem água corrente, apenas papel higiênico, que a gente ganhava assim, cortadinho e enroladinho na entrada ao dar a moedinha pra tia, e dois enormes tonéis de uma água super duvidosa que apresentava sinais claros de lodo, onde boiavam pequenos baldinhos pra você pegar, encher e jogar dentro da privada caso quisesse livrar o próximo usuário da visão de seus dejetos, ou mesmo para os usuários mais corajosos lavarem(?) as mãos. Não ousei tocar naquela água, fiz meu xixi e saí o mais rápido possível daquele terrível baño. Eu veria mais uma meia dúzia no mesmo estilo pelos próximos dias...

Muito bem, assim a gente já pegava o espírito do que seria a Bolívia... 

Pegamos outro táxi até a estação de trem. Essa viagem foi mais longa, eram 12 quadras da entrada da cidade até a estação. Chegamos lá por volta das 12:30h, horário local, que era uma hora a menos com relação à Argentina devido a diferenças de fuso horário, e compramos as passagens de primeira classe para a viagem de trem até Oruro, que sairia às 15:30h.



Estação de Trem de Villazon

Compramos pão, água e ficamos lá esperando o trem na estação, junto a alguns outros mochileiros.





 Sofia estava ainda de bom humor, só que comendo muito pouco. A viagem de trem levaria 16 horas e eu estava super preocupada com ela, com medo de ela enjoar muito, aloprar, surtar por ficar presa no trem, enfim... Estávamos tensos com o que viria... 


Fotinho antes de embarcar
Adeus, Villazon
Por conta disso havíamos comprado as passagens mais caras, acreditando que isso nos proporcionaria um pouco de conforto. Porém... 




Isso aí: primeira classe = semi-leito. É... a viagem seria realmente longa.
E, apesar de meu otimismo no vídeo, o coach não ficou só para nós. Entraram mais uns 7 passageiros. E vocês não acreditam no calor que fez lá dentro! Ar condicionado? Hahaha
Não! Havia dois pequenos ventiladores de parede. O vagão à frente também era de "primeira classe", estava vazio e muito mais fresquinho. Fomos informados que poderíamos todos nos mudar para ele, que estava havendo alguma falha no nosso vagão etc. e tal. Alguns passageiros se mudaram. O problema é que os assentos do outro vagão eram de trás para a frente e eu achei que isso poderia fazer Sofia enjoar. Fernando me garantiu que ele enjoaria. Então decidimos aguentar o calor.  

Mas calma, estou me adiantando! Deixa eu informar sobre o princípio da viagem: ficamos lá esperando o trem partir, assistindo a clipes musicais de bandas locais. Isso foi muito louco! Curtimos muito! Então o trem começou a andar e resolveram botar um filminho: 
Mowgli - El Libro de La Selva. Hunpf. Duas vezes no mesmo dia? Em espanhol?! 

Sofia resistiu bravamente à viagem e ao tédio. Ficou a maior parte do tempo sentada aos nossos pés, brincando com seus bonequinhos e com suas massinhas. Tirou um cochilinho bem na hora em que fomos convidados a desfrutar de uma refeição que estava inclusa em nossas passagens, no vagão restaurante. Ótima refeição, por sinal. 



Refeição inclusa com direito a coca retrô. E Sofia dormindo tranquilamente no meu colo.

A noite foi caindo e, junto com ela, a temperatura. Coloquei uma blusa de mangas compridas porém levinha e um par de calças também levinhas na Sofia, porque ela é muito calorenta e, dormindo no meu colo, costuma passar calor e suar bastante. Mas quando a noite caiu de vez, passamos de inferno a inverno tenebroso e todos aqueles cobertores no fundo do trem passaram a fazer sentido. Eu havia empacotado Sofia em um cobertor quando ela capotou, lá para a meia noite, e ela estava dormindo muito bem, deitada no assento ao lado do meu, que ficou vago, enquanto Fernando se sentou atrás de nós. Mas eu acordei altas horas da madrugada com as pernas tão geladas que fui obrigada a me levantar e pegar mais 2 cobertores. Refiz o pacote envolvendo a Sofia, mas não ficou tão bom quanto o primeiro e ela começou a se mexer demais, até que tive que pegá-la no colo e esquentá-la com o calor do meu corpo, além das 3 camadas de cobertores nos envolvendo. Fernando também me contou que levantou durante a madrugada para pegar mais cobertores. O frio nas minhas pernas nunca passou. Nos pareceu que a temperatura atingiu alguns graus negativos, mas não pudemos comprovar. Por fim, chegamos a Oruro super gelados por volta das 7:00h. Pegamos um táxi da estação de trem até a estação rodoviária e lá já avistamos funcionários vendendo, aos berros, passagens de ônibus para La Paz. Embarcamos em um e foi uma viagem muito surreal.

Primeiro, porque estávamos morrendo de fome e fizemos a loucura de comprar uma empanada de pollo de um vendedor ambulante que adentrou o ônibus com uma caixa de isopor. Dividimos a iguaria, que era muito doce (!?) e não lembrava em nada o sabor do frango, muito menos o sabor das deliciosas empanadas que devoramos na Argentina. Mas aplacou nossa fome. Segundo porque teve a intervenção de dois vendedores ambulantes, que subiram no ônibus em paradas ao longo do percurso. O primeiro fez um discurso de 40 minutos sobre saúde e os malefícios da má alimentação, do choque térmico nas mãos das mamas que cozinham e lavam louça e roupas na sequência, o que traz terríveis dores nas articulações, da absorção pelo nosso corpo (?) da umidade de roupas suadas usadas ao longo do dia... Por fim nos ofereceu, numa super promoção, um milagroso chá chinês (té chino) e um poderoso unguento para aliviar as dores nas articulações das mãos. Para dar mais credibilidade, nos apresentou seu cartão de médico naturalista. Muitos passageiros aproveitaram a promoção.
O segundo ambulante vendia livros. Nos presenteou com a narrativa do enredo de romances dramáticos de um escritor local, de um mexicano e de Paulo Coelho. Pouquíssimos passageiros adquiriram os livros, mas ficamos positivamente admirados com o louvável esforço do senhor em vender livros em um ônibus.

Sofia acordou durante a viagem, engoliu meia garrafa de água e vomitou tudo meia hora depois. A cidade de La Paz é muita alta, a viagem de ônibus levou 4 horas e, ao chegarmos lá, Sofia estava muito abatida, dava dó. Perguntei se ela sentia dor e ela apontou a cabeça. É normal sentir dor de cabeça, enjoos, vertigens e ficar sem fôlego ao fazer uma simples caminhada quando o corpo não está adaptado à altitude. Ela ficou o tempo todo no colo, muito quietinha. Procurei mantê-la hidratada e ela não aceitou muita coisa além de leite e água. Já no trem ela havia comido muito pouco, aceitando basicamente o leite. 


Esperamos na rodoviária de La Paz por duas horas, até que partisse o ônibus com destino a Copacabana. Tomamos café, comemos empanadas de queijo e Sofia bebeu leite. A viagem e a altitude nos abalaram, mas o pior era ver o desânimo da Sofia. E ainda havia mais 4 horas até Copacabana nos aguardando...

Esta viagem foi ainda mais insólita: nas primeiras 2 horas, o ônibus sacudiu fortemente para lá e para cá como se estivesse no mar, devido às péssimas condições da estrada. Sofia dormia em meus braços, para nosso alívio. Nas próximas duas horas, enfrentamos curvas absurdamente sinuosas interrompidas por uma inusitada parada em que todos os passageiros descem para fazer a travessia do lago de balsa motorizada enquanto o ônibus faz o mesmo, só que numa balsa movida a remos. Sofia acordou na balsa e, após atravessarmos, resolvemos fazer um lanche numa lanchonete enquanto esperávamos a travessia do ônibus, que demora mais que a dos passageiros. Comemos um prato típico da Bolívia cujo nome não me lembro, mas que vinha todo solto dentro de uma sacola plástica e incluía uma espiga de milho branco, vagens gigantes, batatas estranhas, tudo cozido na água e sal, e queijo quente derretido. Sofia, com muita fome, aceitou o milho diferente. Voltamos ao ônibus, restavam ainda mais uns 40 minutos de curvas terrivelmente sinuosas, o suficiente para fazê-la vomitar todo o milho branco... Era essa a nossa vibe na etapa final de nossa longa viagem:  


Não sei bem o que escrever aqui
Chegamos à Copacabana, nos dirigimos ao nosso hostel e, após nos instalarmos no quarto, vi, aos poucos, o ânimo e as cores voltando à expressão da Sofia e a ouvi proferir as primeiras palavras do dia. Era por volta das 18h, portanto estivemos em trânsito por mais ou menos 34 horas. Apesar do mal estar, posso dizer que Sofia resistiu bravamente. Ela é guerreira, uma mochileira nata e em alguns minutos já estava animada e sorridente, tagarelando. Isso nos fez respirar aliviados. Porém ela havia ficado muito tempo sem se alimentar direito e o pouco que consumiu, pôs para fora. Urgia que fôssemos providenciar uma refeição mais reforçada para ela e também para nós, então Fernando foi atrás de um mercado no coração da cidade. Essa foi mais uma aventura, mas fica para o próximo post... 




quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

De volta à Tilcara


No fim da tarde estávamos de volta à Tilcara e então tivemos que conversar para decidir nossa próxima parada. Nossa intenção era ir até o Chile, mas logo no início da viagem esta ideia foi abortada por contenção de custos: o Chile é muito caro e vai ficar para um outro mochilão. De onde estávamos, norte da Argentina, o natural seria então irmos para a Bolívia. O nosso maior interesse na Bolívia era visitar o Salar de Uyuni, porém pesquisamos a respeito e concluímos que não seria, de forma alguma, uma opção para a Sofia devido à infra-estrutura precária. Esta seria uma viagem para se fazer no futuro, talvez só nós dois, talvez daqui a muitos anos, com Sofia já bem maior. Por fim, decidimos que ficaríamos mais um dia em Tilcara, conforme nos recomendou uma funcionária do hostel, e sairíamos sábado de manhã de ônibus com destino a La Quiaca, que fica na fronteira com a Bolívia, de lá entrando na Bolívia, cidade de Villazon, para pegar um trem até Oruro. Apenas esta viagem de trem levaria 15 horas, sem contar os trechos de ônibus, me parecia um grande sacrifício para nós e principalmente para Sofia, mas era a melhor das opções. De Oruro, pegaríamos um ônibus até La Paz e de lá, um outro ônibus até Copacabana, que é uma cidade à beira do lago Titicaca. Nos parecia muito adequado passar uns dias lá com a Sofia, ainda mais depois de uma viagem tão desgastante. E então, a decisão mais difícil: considerando que Sofia estava perdendo muito peso e começando a demonstrar sinais de fadiga e saudades do Brasil, percebemos também que era hora de voltar. Nosso desejo era seguir além, passar pelo Peru e chegar ao menos até a Colômbia. Mas tínhamos que respeitar o ritmo da pequena e nos sentir também muito gratos por toda a disposição e boa vontade com que Sofia nos acompanhou durante aquela aventura de já 40 dias. Ela é apenas uma criança de 3 anos incompletos, fomos bem longe com ela e agora era hora de voltar e cuidar especialmente do bem-estar e da alimentação dela para que ela recuperasse o peso. Como eu disse no início do blog, Sofia é a protagonista desta história.

Sobre Tilcara não tenho muito mais a dizer. Mas gostaria de duas coisas: primeira - mostrar mais algumas imagens:


Arte de Tilcara, toda feita em madeira de cactos
Madeira de cactos
Atividade preferida de Sofia: brincar na "praia" (areia)

E segunda, que engloba a Argentina como um todo, e não somente esta última cidade: fomos extremamente bem tratados na Argentina, às vezes com inexplicáveis regalias, e sempre notando admiração e, até mesmo, fascínio do argentino pelo Brasil e pelos brasileiros. Saímos um pouco do itinerário óbvio e engessado que o brasileiro segue ao visitar a Argentina: Bariloche, Buenos Aires, Mendoza, ou seja, basicamente o sul, e nos surpreendemos muito com tudo o que vimos ao nos embrenharmos mais pelo norte, assim como os habitantes locais se surpreendiam ao ver brasileiros naquelas áreas. Estamos positivamente impressionados com a experiência que tivemos na Argentina, desde os lugares lindos, especialmente o inexplorado (pelo menos por nós) e exuberante norte, até as pessoas incrivelmente generosas, amigáveis e calorosas que conhecemos. Quero agradecer pela hospitalidade que este povo lindo nos ofereceu, reafirmar (porque sempre digo isso) que temos muito o que aprender com nossos hermanos e encerrar este post com a afirmação do sociólogo Ronaldo Helal, para nossa reflexão:

"O brasileiro ama odiar o argentino; o argentino odeia amar o brasileiro"


domingo, 11 de dezembro de 2016

Purmamarca


20 minutos de ônibus e chega-se a Purmamarca, cidade onde se encontra o famoso Cerro de los Siete Colores. Não sei se tenho muito a falar sobre essa cidadezinha. Acho que fica mais fácil mostrar um pouco dos vídeos e das imagens que fizemos lá. Melhor que isso, só estando lá, mesmo...










Como vocês podem observar, nem sei o que escrever nas legendas... 












Não vou escrever nada, mesmo. Apenas vejam.
Lembrando que esta foi a cidadezinha onde nos recomendaram ficar hospedados por ser mais acolhedora, porém em minhas buscas online não encontrei nada que pudesse ser reservado. Chegando lá, no entanto, há vários hostels e hospedarias. Provavelmente as agências de viagem nas cidades vizinhas façam as reservas, ou você estando lá encontra hospedagem com facilidade, mas eu não me arrependi de termos ficado instalados em Tilcara. Ainda que Purmamarca seja mesmo encantadora e mágica, Tilcara é um pouco maior e tão encantadora quanto.  Além disso, hospedar-se em Purmamarca é muito mais caro do que em Tilcara, onde é super em conta.

Ficamos um pouco mais do que 4 horas em Purmamarca, comemos algo e, após termos visto a grande atração da cidade, que são os montes coloridos, já não havia mesmo nada mais a fazer. O trânsito intenso de turistas que vimos pela manhã foi se dissipando com o passar das horas e à tarde, quando voltamos à Tilcara, a cidade já demonstrava sinais de que o ápice de movimento já havia mesmo se acabado: muitas barraquinhas de lembranças e bugigangas sendo desarmadas e a quietudade tomando conta. 

Mas as imagens estão aí pra mostrar que Purmamarca, ainda que apenas pela paisagem, vale muito a pena.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tilcara


Uma cidadezinha, praticamente um povoado. Clima árido, sol forte, ventos intensos e um tanto quanto gélidos (o que nos obrigava a sempre levar um agasalho, não importava o calor que estivesse no sol), 2.465 m de altitude e muitas montanhas. Conforme o ônibus ia se aproximando de Tilcara, percebia-se que o cerco mais e mais se fechava: estávamos chegando ao fim da linha, delimitado pelas singulares montanhas da região. Uma paisagem admirável e ricamente ornada por cactos. 

A primeira surpresa foi chegar à "rodoviária".


"- Não, Fernando, não é pra descer do ônibus ainda. Essa é só uma parada, ele ainda vai à rodoviária.
- Peraí, vou ver com o motorista.
(...)
- Vamos. Essa é a "rodoviária".

Duas cabaninhas de empresas de ônibus numa calçada...
Desce-se do ônibus, dá-se uma olhada ao redor... e a visão é encantadora!



Vista da "rodoviária"
Uma caminhada pelas ruas íngremes de areia e estávamos no hostel. Eduardo, em Buenos Aires, já havia nos dado a dica: brasileiro é tratado com privilégios na Argentina. Assim como em Buenos Aires, embora eu tivesse feito reserva para uma suíte apenas com cama de casal, como sempre faço (e Sofia dorme entre nós), o hostel, alertado por mim de que tínhamos uma criança, generosamente nos surpreendeu com uma suíte bem grande com uma cama de casal e duas de solteiro, no último andar do hostel (uma espécie de "terraço"), o que nos proporcionava conforto extra e uma belíssima vista. 


Pronto: assim, logo de cara, Tilcara ganhava um pedaço de meu coração.

Chegamos no meio da tarde, então fomos apenas conhecer a cidade e já ficamos sabendo de um costume incomum: eles tiram a siesta entre 13:30h e 17h. Neste intervalo, não há praticamente nenhum comércio aberto: nem restaurante, nem mercado, nem padaria, nem lavanderia. Apenas um ou outro café. 

Havia algumas atrações na região e todas envolviam longas e íngremes caminhadas sob o sol. Tivemos que escolher e desconsiderar algumas porque caminhadas sempre envolviam Sofia andando de cavalinho em mim e no Fernando, alternadamente, e, considerando a altitude, o sol e a duração dos percursos, alguns eram realmente inviáveis. Enquanto decidíamos, passeamos bastante pela inusitada cidade:



Não parece o portal para um mundo encantado?
Ruas áridas e (quase) desertas 
Parquinho e amiguinhos para Sofia
Cavalos
Deliciosos pãezinhos de quínua <3
Uma cerveja à noite com a simpática porteña Carol, que conhecemos na excursão à Cafayate 
Dois dias depois, após conhecer bem a pequena cidade, nos decidimos pela visita ao Pucará, uma espécie de parque onde pode-se caminhar entre ruínas anteriores ao período inca e explorar o pitoresco Jardim Botânico das Alturas, repleto de gigantescos cactos. Passeio obrigatório.

No caminho para o Pucará, uma ponte sobre um rio inteiramente seco:




Pausa para uma foto, sempre com montanhas ao redor
"Taptus", segundo Sofia
Mais "taptus"
Ruínas
E mais ruínas
O ponto mais alto do passeio - a "iglesia"
Havia uma equipe de televisão filmando lá, com uma linda modelo russa que...
...nos fez a gentileza de bater uma foto 
Detalhe da tocante inscrição homenageando os arqueólogos

Nosso próximo passeio seria à cidade vizinha de Purmamarca, onde finalmente veríamos o Cerro de los Siete Colores.