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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

De volta à Tilcara


No fim da tarde estávamos de volta à Tilcara e então tivemos que conversar para decidir nossa próxima parada. Nossa intenção era ir até o Chile, mas logo no início da viagem esta ideia foi abortada por contenção de custos: o Chile é muito caro e vai ficar para um outro mochilão. De onde estávamos, norte da Argentina, o natural seria então irmos para a Bolívia. O nosso maior interesse na Bolívia era visitar o Salar de Uyuni, porém pesquisamos a respeito e concluímos que não seria, de forma alguma, uma opção para a Sofia devido à infra-estrutura precária. Esta seria uma viagem para se fazer no futuro, talvez só nós dois, talvez daqui a muitos anos, com Sofia já bem maior. Por fim, decidimos que ficaríamos mais um dia em Tilcara, conforme nos recomendou uma funcionária do hostel, e sairíamos sábado de manhã de ônibus com destino a La Quiaca, que fica na fronteira com a Bolívia, de lá entrando na Bolívia, cidade de Villazon, para pegar um trem até Oruro. Apenas esta viagem de trem levaria 15 horas, sem contar os trechos de ônibus, me parecia um grande sacrifício para nós e principalmente para Sofia, mas era a melhor das opções. De Oruro, pegaríamos um ônibus até La Paz e de lá, um outro ônibus até Copacabana, que é uma cidade à beira do lago Titicaca. Nos parecia muito adequado passar uns dias lá com a Sofia, ainda mais depois de uma viagem tão desgastante. E então, a decisão mais difícil: considerando que Sofia estava perdendo muito peso e começando a demonstrar sinais de fadiga e saudades do Brasil, percebemos também que era hora de voltar. Nosso desejo era seguir além, passar pelo Peru e chegar ao menos até a Colômbia. Mas tínhamos que respeitar o ritmo da pequena e nos sentir também muito gratos por toda a disposição e boa vontade com que Sofia nos acompanhou durante aquela aventura de já 40 dias. Ela é apenas uma criança de 3 anos incompletos, fomos bem longe com ela e agora era hora de voltar e cuidar especialmente do bem-estar e da alimentação dela para que ela recuperasse o peso. Como eu disse no início do blog, Sofia é a protagonista desta história.

Sobre Tilcara não tenho muito mais a dizer. Mas gostaria de duas coisas: primeira - mostrar mais algumas imagens:


Arte de Tilcara, toda feita em madeira de cactos
Madeira de cactos
Atividade preferida de Sofia: brincar na "praia" (areia)

E segunda, que engloba a Argentina como um todo, e não somente esta última cidade: fomos extremamente bem tratados na Argentina, às vezes com inexplicáveis regalias, e sempre notando admiração e, até mesmo, fascínio do argentino pelo Brasil e pelos brasileiros. Saímos um pouco do itinerário óbvio e engessado que o brasileiro segue ao visitar a Argentina: Bariloche, Buenos Aires, Mendoza, ou seja, basicamente o sul, e nos surpreendemos muito com tudo o que vimos ao nos embrenharmos mais pelo norte, assim como os habitantes locais se surpreendiam ao ver brasileiros naquelas áreas. Estamos positivamente impressionados com a experiência que tivemos na Argentina, desde os lugares lindos, especialmente o inexplorado (pelo menos por nós) e exuberante norte, até as pessoas incrivelmente generosas, amigáveis e calorosas que conhecemos. Quero agradecer pela hospitalidade que este povo lindo nos ofereceu, reafirmar (porque sempre digo isso) que temos muito o que aprender com nossos hermanos e encerrar este post com a afirmação do sociólogo Ronaldo Helal, para nossa reflexão:

"O brasileiro ama odiar o argentino; o argentino odeia amar o brasileiro"


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